Em nenhum lugar do mundo existem mais espécies de animais e
de plantas do que na Amazônia, tanto em termos de espécies habitando a região
como um todo (diversidade gama), como coexistindo em um mesmo ponto
(diversidade alfa). Entretanto, apesar da Amazônia ser a região de maior
biodiversidade do planeta, apenas uma fração dessa biodiversidade é conhecida.
Portanto, além da necessidade de mais inventários biológicos, um considerável
esforço de amostragem também é necessário para se identificar os padrões e os
processos ecológicos e biogeográficos.
A riqueza da flora compreende aproximadamente 30.000
espécies, cerca de 10% das plantas de todo o planeta. São cerca de 5.000
espécies de árvores (maiores que 15cm de diâmetro), enquanto na América do
Norte existem cerca de 650 espécies de árvores. A diversidade de árvores varia
entre 40 e 300 espécies diferentes por hectare, enquanto na América do Norte
varia entre 4 a 25
Os artrópodos (insetos, aranhas, escorpiões, lacraias e
centopéias, etc.) constituem a maior parte das espécies de animais existentes
no planeta. Na Amazônia, estes animais diversificaram-se de forma explosiva,
sendo a copa de árvores das florestas tropicais o centro da sua maior
diversificação. Apesar de dominar a Floresta Amazônica em termos de número de
espécies, número de indivíduos e biomassa animal, e da sua importância para o
bom funcionamento dos ecossistemas, estima-se que mais de 70% das espécies
amazônicas ainda não possuem nomes científicos e, considerando o ritmo atual de
trabalhos de levantamento e taxonomia, tal situação permanecerá por muito
tempo. Atualmente são conhecidas 7.500 espécies de borboletas no mundo, sendo
1.800 na Amazônia. Para as formigas, que contribuem com quase um terço da
biomassa animal das copas de árvores na Floresta Amazônica, a estimativa é de
mais de 3.000 espécies. Com relação às abelhas, há no mundo mais de 30.000
espécies descritas sendo de 2.500 a 3.000 na Amazônia.
O número de espécies de peixes na América do Sul ainda é
desconhecido, sendo sua maior diversidade centralizada na Amazônia. Estima-se
que o número de espécies de peixes para toda a bacia seja maior que 1300,
quantidade superior a que é encontrada nas demais bacias do mundo. O estado
atual de conhecimento da ictiofauna da América do Sul se equipara ao dos
Estados Unidos e Canadá de um século atrás e pelo menos 40% das espécies ainda
não foram descritas, o que elevaria o número de espécies de peixes para além de
1.800. Apenas no rio Negro já foram registradas 450 espécies. Em toda a Europa,
as espécies de água doce não passam de 200.
Um total de 163 registros de espécies de anfíbios foi
encontrado para a Amazônia brasileira. Esta cifra eqüivale a aproximadamente 4%
das 4.000 espécies que se pressupõe existir no mundo e 27% das 600 estimadas
para o Brasil. A riqueza de espécies de anfíbios é altamente subestimada. A
grande maioria dos estudos concentra-se em regiões ao longo das margens dos
principais afluentes do rio Amazonas ou em localidades mais bem servidas pela
malha rodoviária. Foram encontradas 29 localidades inventariadas para anfíbios
na Amazônia brasileira. Deste total, apenas 13 apresentaram mais de 2 meses de
duração. Isso significa que a Amazônia é um grande vazio em termos do
conhecimento sobre os anfíbios e muito ainda há que ser feito.
O número total de espécies de répteis no mundo é estimado em
6.000, sendo próximo de 240 espécies o número de espécies identificadas para a
Amazônia brasileira, muitas das quais restritas à Amazônia ou a parte dela.
Mais da metade dessas espécies são de cobras, e o segundo maior grupo é o dos
lagartos. Embora já se tenha uma visão geral das espécies que compõem a fauna
de répteis da Amazônia, certamente ainda existem espécies não descritas pela
ciência. Além disso, o nível de informação em termos da distribuição das
espécies, informações sobre o ambiente onde vivem, aspectos de reprodução e
outros ligados à biologia do animal, assim como sobre a relação filogenética
(de parentesco) entre as espécies é ainda baixo.
As aves constituem um dos grupos mais bem estudados entre os
vertebrados, com número de espécies estimado em 9.700 no mundo. Na Amazônia, há
mais de 1000 espécies, das quais 283 possuem distribuição restrita ou são muito
raras. A Amazônia é a terra dos grandes Cracidae (mutuns), Tinamidae
(inhambus), Psittacidae (araras, papagaios, periquitos), Ramphastidae (tucanos
e araçaris) e muitos Passeriformes como por exemplo, os Formicariidae, Pipridae
e Cotingidae.
O número total de mamíferos existentes no mundo é estimado
em 4.650. Na
Amazônia, são registradas atualmente 311 espécies. Os quirópteros
e os roedores são os grupos com maior número de espécies. Mesmo sendo o grupo
de mamíferos mais bem conhecido da Amazônia, nos últimos anos várias espécies
de primatas tem sido descobertas, inclusive o sagüi-anão-da-coroa-preta, e o
sauim-de-cara-branca, Callithrix saterei.
Ameaças à Biodiversidade da Amazônia
Em nenhum lugar do mundo são derrubadas tantas árvores
quanto na Amazônia. Um levantamento da organização não governamental WWF, com
base em dados da ONU, mostra que a média de desmatamento na Amazônia brasileira
é a maior do mundo, sendo 30% mais intensa que na Indonésia, a segunda colocada
no ranking da devastação ambiental.
Na Amazônia a eliminação de florestas cresceu
exponencialmente durante as décadas de 70 e 80 e continua em taxas alarmantes.
A mudança no uso do solo tem mostrado afetar a hidrologia regional, o ciclo
global do carbono, as taxas de evapotranspiração, a perda de biodiversidade, a
probabilidade de fogo e uma possível redução regional na quantidade de chuvas.
As ameaças de degradação avançam em ritmo acelerado. Os
dados oficiais, elaborados pelo INPE, sobre o desmatamento na região mostram
que ele é extremamente alto e esta crescendo. Já foram eliminados cerca de 570
mil quilômetros de florestas na região uma área equivalente à superfície da
França, e a média anual dos últimos sete anos é da ordem de 17,6 mil
quilômetros quadrados. Entretanto, a situação pode ser ainda mais grave. Os
levantamentos oficiais identificam apenas áreas onde a floresta foi
completamente retirada, por meio de práticas conhecidas por corte raso. As
degradações provocadas por atividades madeireiras e queimadas não são
contabilizadas.
O grande desafio atual é buscar o máximo de conhecimento
sobre os ecossistemas característicos da Amazônia e apresentar sugestões de
como esse conhecimento pode ser utilizado para o desenvolvimento sustentável.
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